'Cuba não negociará princípios nem aceitará condicionamentos', diz chanceler

                                                                               
Bruno Rodríguez Parrilla reiterou vontade de Havana de 'dar continuidade ao diálogo respeitoso e à cooperação em temas de interesse mútuo' com Washington, mas condenou 'retorno a política falida' promovido pelo presidente dos EUA
      
O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, afirmou segunda-feira (19/06) que Havana segue aberta ao diálogo com Washington, mas que “não negociará seus princípios nem aceitará condicionamentos”, em referência à anulação parcial por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, às políticas de reaproximação entre os dois países na última sexta-feira (16/06).

Em Viena, na Áustria, onde se encontra em visita para avançar as relações bilaterais entre Cuba e o país europeu, Parrilla disse que a política do governo Trump em relação a Havana recrudesce o bloqueio imposto há quase seis décadas, constituindo “um retrocesso nas relações entre os dois países e um retorno à mesma política falida aplicada por administrações norte-americanas anteriores”.

“Não será um decreto presidencial norte-americano que irá desviar o rumo soberano de Cuba”, disse o chanceler. “Cuba não realizará concessões inerentes a sua soberania e independência, não negociará seus princípios nem aceitará condicionamentos, como nunca o fez ao longo da história da Revolução”, prosseguiu.

Ao mesmo tempo, o ministro reiterou a vontade de Havana de “dar continuidade ao diálogo respeitoso e à cooperação em temas de interesse mútuo sobre a base da igualdade, da reciprocidade e do absoluto respeito à independência e à soberania de Cuba”.

Parrilla também classificou como “espetáculo grotesco, saído da linguagem da Guerra Fria” o pronunciamento de Trump em Miami na sexta-feira, quando anunciou a revisão de seu governo para as medidas de reaproximação implementadas nos últimos dois anos pelo ex-presidente Barack Obama após o restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, anunciado em dezembro de 2014.

Na ocasião, Trump anunciou mudanças que incluem a proibição das viagens individuais para fazer contatos com o povo cubano, conhecidas em inglês como “people to people travel”, e a possibilidade de auditoria a todos os americanos que visitem Cuba para comprovar que não violam as sanções dos EUA. O líder norte-americano exige do governo cubano “avanços concretos” rumo a objetivos como “eleições livres”, liberdade de “presos políticos” e a entrega à Justiça dos EUA de “criminosos e fugitivos” que encontraram refúgio na ilha. 

Segundo o chanceler, o presidente dos EUA “saudou por nome e se rodeou por vários terroristas e mercenários com um longo histórico de agressões contra Cuba”, inclusive assassinos de revolucionários e de cubanos opositores à ditadura de Fulgêncio Batista.

Parrilla disse que as novas medidas endurecem o bloqueio “injusto, inumano, genocida e violador do Direito Internacional e dos direitos humanos dos cubanos” e criticou “a manipulação política e a falta de autoridade moral do presidente norte-americano para dar lições sobre direitos humanos e democracia”.

“As medidas anunciadas pelo presidente Trump ignoram o rechaço majoritário, dentro e fora dos EUA, desta política hostil em relação a Cuba e não cumprirão os objetivos que se proclamam, somente afetarão os próprios norte-americanos e o povo cubano”, disse o ministro.

(Com Opera Mundi)

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