Futura mamãe











O Dia das Mães está chegando...Vamos homenageá-las com este texto inspiradíssimo, da Dea Januzzi e as fotos de uma futura mamãe: Érica, que é de Pihumí mas reside atualmente em Franca, em companhia do seu marido Gustavo. Ela é alta executiva de importante banco na cidade paulistana. E está fazendo as delícias de outro casal feliz: seu pai Durval e sua mãe Zélia.Todo mundo à espera de Sofia
Coração de mãe
Orai por nós!
Déa Januzzi

Podem dizer a uma mãe que precisa ficar tranquila, equilibrada, concentrada em si mesma, que ela tem de se curar antes de tomar conta de um filho que sofre. Podem mandar uma mãe para a China ou Conchinchina para ficar longe dele, podem proibi-la ou – para ser mais suave – sugerir que ela não beba vinho nem fume dentro de casa para dar o exemplo.
Podem dizer a uma mãe que ela é culpada por todos os desencontros do filho, podem até penitenciá-la pelas falhas do filho. Os ditos amigos, os parentes próximos e os distantes, os conhecidos que mal passaram pela vida dessa mãe e já sumiram de vez por pequenos detalhes que não fazem a menor diferença podem condená-la ao degredo da solidão.
Podem deixar de visitá-la, de gostar dela, podem até deixar que ela se interne dentro de casa. Podem até insistir numa r eceita infalível, que geralmente não funciona.
Podem desfiar conselhos que uma mãe sabe que não vão adiantar nada.
Podem mandar essa mãe procurar o pai do filho dela. E alguns chegam até a sugerir: “Por que você não procura um homem da família?”, como se qualquer homem pudesse simplesmente usurpar o papel do pai simplesmente porque é do sexo masculino.
Podem também dizer a distância que ninguém se intrometa, mas sabe para quê? Não é pela mãe e pelo filho, mas para que não se comprometam com o afeto, porque neste momento é do que mãe e filho mais precisam.
A mãe já fez psicanálise por anos a fio, já fez terapias holísticas, constelação familiar, já fez desintoxicação, despertar da consciência, acupuntura, massagem com pedras quentes, meditação, mergulhos interiores, mas não conseguiu esquecer que o filho ainda não encontrou seu caminho, que ele ainda está perdido.
Como esquecer? Só se ela conseguisse antes abortar a fé no amanhã. Podem dizer que algumas mães são perfeitas, mas não são, porque não há pai nem mãe feitos num molde de gesso. Nem em formas de inox.
Algumas mães fingem que não sabem o que os filhos fazem – e assim continuam felizes para sempre, achando que os filhos também são perfeitos, quase santos. Podem dizer a uma mãe que ela não pode ser tão amiga do filho, mas ela prefere essa condição a fingir que tudo são flores.
Podem dizer à mãe que ela tem que ser feliz independentemente do filho. Vocês conhecem alguma que é? Digam que ela vai atrás, beber na fonte dessa mãe. Podem até dizer que a relação dela com o filho é simbiótica e que ele já saiu da barriga dela.
Talvez, seja o único momento sagrado em que uma mãe cuida de si mesma, para cuidar do filho, para nutri-lo tanto quanto a si. Dentro da barriga, a mãe trata de ir ao médico todo mês para fazer o pré-natal, porque ela sabe que, se estiver bem, o fil ho também estará.
Talvez, seja o único momento da existência de uma mãe que seja perfeito, porque ela está em sintonia com o universo dentro de si. Enquanto embala o filho, a mãe sonha com um mundo onde as pessoas saibam o significado da palavra compreensão.
Expulso da barriga para o mundo pela própria natureza, a mãe sabe que a partir desse momento ela será feliz quando o filho encontrar o próprio caminho, quando ele alçar voo em direção à montanha sagrada da vida.
Há uma receita para que o filho encontre o caminho? Os arautos dizem que é o limite, tem que dizer não, tem que cortar, vender, proibir, vociferar, negar... Mas será que não dá para dizer sim, amar sobre todas as coisas, procurar dar ao filho o melhor de si? Será que não dá para educar com carinho? Ou ser liberal em vez de repressora?
A mãe não tem receita nem de bolo. Às vezes, ele desanda, encroa, não cresce, mas, às vezes, o bolo fica tão belo que ela pensa que acertou a receita, mesmo sem prestar atenção nos ingredientes e no modo de fazer.
Há bolo melhor do que esse, feito com liberdade, criatividade, ternura, compreensão, alegria e misericórdia? Não peçam a uma mãe que se cuide, que fique na academia em busca de músculos rígidos, nem que ela se entupa de botox para paralisar os músculos que caem.
Nem que assim ela conjugue o verbo: eu sou, eu posso, eu tenho, eu vou. Uma mãe não tem esse poder.
Conheço mães que fumam, bebem, tropeçam, levantam e os filhos foram para um outro caminho. Conheço mães certinhas, cujos filhos enviezaram. Mãe é só um canal dessa luz divina, cujo filho veio do seu ventre, amém!

Comentários

Anônimo disse…
Que linda homenagem. Mande para a Cão, para a Ivanilde e pra todos. Irão gotar muito.