A verdade sobre o governo Aécio





Aquilo que a imprensa não viu e nem quis que o povo visse

(*) Fábio Bezerra

O governo Aécio chega ao fim de mandato, com rompantes na imprensa, sobre metas alcançadas, austeridade fiscal, obras de infraestrutura por todo o Estado e os propalados 80% de popularidade.
Porém essa peça do teatro da política é talvez o maior exemplo nos últimos anos, de como o uso da mídia associado a fragilidade da oposição, sedimentaram na opinião pública o sucesso entorno da gestão do PSDB.
Afastada do Palácio do Planalto desde o governo patético governo Itamar e de uma proeminência no cenário nacional há anos, a elite conservadora das Gerais não poupou esforços para construir a imagem de um estadista eficiente, postulando a possível candidatura de oposição de direita, à presidência nesse ano.
Todos os que ousaram denunciar as contradições e desvios na gestão Aécio, ou meramente teceram críticas ao funcionamento das políticas públicas, foram perseguidos e banidos de suas funções na imprensa.
Anestesiados e enganados por uma massiva propaganda midiática, a população em geral se encontra a mercê das manipulações e da idolatria que cercam o período de Aécio a frente do Governo do Estado.
Nesse sentido poucos sabem do verdadeiro caráter do chamado : “choque de gestão” na máquina pública, que afetou o funcionamento de diversas áreas através da suspensão de direitos, achatamento salarial dos servidores, diminuição de investimentos em alguns setores e criminalização do funcionalismo público, através da implementação da chamada avaliação de desempenho, que pune aqueles que não conseguem atingir as metas estipuladas pelas chefias, mesmo não havendo condições objetivas para se conseguir tal alcance.
Sob o Governo Aécio, a ampla maioria do funcionalismo teve perdas significativas, diversos postos de trabalho foram fechados e o endividamento real dos cofres públicos aumentou; exemplo mais recente foi o faraônico projeto da cidade administrativa, inaugurada às pressas antes da entrega do cargo devido ao calendário eleitoral.
Só essa obra custou aos cofres públicos mais de UM BILHÃO DE REAIS, dinheiro que poderia ser investido na construção demais de 100.000 moradias populares, ou desapropriada dezenas de latifúndios em prol da reforma agrária, ou investido no reajuste justo do conjunto do funcionalismo.
Enquanto famílias vivem em condições inumanas, sem um teto e sem emprego, como é o caso da ocupação Camilo Torres e Dandára, ambas em Belo Horizonte, acuadas e hostilizadas pelos aparelhos de repressão do Estado, enquanto o IPSEMG – o maior patrimônio do funcionalismo teve durante o mês de Março metade dos leitos fechados e reduzidos, em mais da metade, os atendimentos ao público, enquanto servidores da educação, saúde, polícia civil, justiça, administrativo e até mesmo a PM, fizeram protestos contra anos de congelamento salarial e consecutivo sucateamento, Aécio esteve insensível às demandas sociais, procurando investir naquilo que desse maior visibilidade e gerasse recursos volumosos para as grandes empreiteiras que sempre financiam as campanhas eleitorais dos candidatos da burguesia.
Durante o período do auge da crise econômica, em agosto de 2008 a setembro de 2009, o Governo suspendeu a cobrança de empréstimos do BDMG às grandes minerados, perdoou dívidas tributárias, alem de conceder mais empréstimos a juros baixíssimos a empresas que não hesitaram em demitir ou aumentar a carga de exploração sobre os trabalhadores(as).
É importante destacar que durante esse período, PT e PC do B, partidos da base do governo Lula e que possuem forte presença junto as entidades do funcionalismo, não investiram decididamente em organizar a resistência aos ataques neoliberais do PSDB.
Quando se ensejava alguma resistência, esta se via presa ao joguete eleitoreiro ou a acordos de boa vizinhança com o Governo Federal, que não passavam de um “morder e assoprar” para “inglês ver”.
Apesar de todo a espetacular indústria de MARKETING entorno da figura de Aécio Neves e da maior onda de manipulação e cerceamento que a imprensa mineira já presenciou desde o golpe militar em 1964, aos poucos a população vai sentindo o gosto amargo da farra faraônica do PSDB em Minas nesses últimos oito anos, com serviços públicos sucateados e o funcionamento da máquina pública estrangulada e comprometida.
Os comunistas sabem que a luta contra a alienação política talvez seja a mais difícil e desgastante, pois esse processo atinge o âmago da consciência dos trabalhadores(as) e consecutivamente a sua visão de mundo e a sua atitude política; mas estamos certos de que o custo do (des) compromisso falará mais alto e novas crises sociais e contradições revelaram a necessidade de se construir um novo patamar de luta e consciência.
Luta não apenas contra os ataques da elite representada na Assembléia Legislativa e no Governo do Estado, mas também contra aqueles que se abnegaram de cumprir o papel de lideranças sindicais e populares, no sentido de organizar e conscientizar o povo para a luta por um Estado que aplicasse de fato seus recursos na resolução das mazelas que o capitalismo vem acentuando a cada ano que passa sobre o proletariado.
(*) Fábio Bezerra é Secretário Político do PCB-Minas Gerais

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