Trabalhadores dos Correios não se intimidam e continuam em greve
Trabalhadores em greve dos Correios permanecerem firmes em seu movimento mesmo com a ameaça de corte de ponto feita pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT). O ministro determinou ontem (20) ao presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, que não pague os dias parados aos grevistas, numa tentativa do governo de enfraquecer a greve que atinge todo o país.
“Greve é um direito, mas ninguém vai receber sem trabalhar”, disse o ministro.
Em protesto à ação de Paulo Bernardo, servidores de Brasília no Distrito Federal realizaram o enterro simbólico de Paulo Bernardo e do presidente dos Correios.
Os trabalhadores reivindicaram ainda a abertura das negociações, que já estavam atravancadas mesmo antes da greve ter sido decretada nacionalmente no último dia 14.
De acordo com a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), os sindicatos devem aprovar moções de repúdio contra Paulo Bernardo, Wagner Pinheiro e o vice-presidente Larry Manoel Medeiros de Almeida, “que estão ameaçando os trabalhadores (as) na tentativa de intimidá-los em pleno exercício de seu direito constitucional, a greve”.
De acordo com a Fentect, a greve conta com o apoio 75% dos trabalhadores de todos os estados e do Distrito Federal, algo em torno de 70 mil funcionários da área administrativa e operacional. Segundo nota dos Correios, entretanto, a paralisação é de 23% dos servidores.
Os trabalhadores reivindicam aumento real de R$ 400, mais a reposição da inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) que acumula 7,33% em 12 meses. Eles querem também a implantação de um piso de R$ 1.635,00, 6 horas de jornada para atendentes, melhores condições de trabalho e mais contratações, além do aumento do valor do vale cesta básica, que hoje é de R$ 130,00.
Até o momento, o governo ofereceu reajuste de 6,87%, índice abaixo da inflação do IPCA, mais R$ 50 para janeiro de 2012.
Para um delegado sindical da base de São Paulo, que preferiu não se identificar por medo de represálias por parte da empresa, a proposta dos Correios é péssima.
“É tão péssima que o pessoal do administrativo de Brasília, que nunca entrou em greve, começou a entrar. Tomei conhecimento que a agência inteira de Osasco (SP), por exemplo, está em greve, só tem o gestor e a tesoureira que não estão”, afirma.
Segundo ele, o clima entre os trabalhadores é de firmeza e disposição para negociar uma proposta “decente”. “A mídia está falando que estamos sendo inflexíveis, mas a gente não está. Estamos esperando que a empresa faça uma proposta decente. Se os Correios não negociar e não propor nada de novo, a greve vai continuar. O pessoal está bem inflamado”, destaca. (Com o Brasil De Fato/ABr/Divulgação)
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