Um discurso até certo ponto positivo
A intervenção da presidente Dilma Rousseff na abertura da 66a. sessão da ONU foi até certo ponto positivo, principalmente ao defender a filiação do Estado Palestino à Organização. E também ao colocar a nu a situação do desemprego no mundo, em especial nos países que se orgulham de seu capitalismo.
Dilma pegou ao não combater com veemência o massacre de forças internacionais tem provocado em países como a Libia.
Passou ao largo também a intervenção de forças brasileiras, à serviço das próprias Nações Unidas, no Haiti, quando nossa melhor contribuição deveria ser o envio de engenheiros e de profissionais da saúde para recuperar o desastre de que o pequeno país foi vítima.
Sobre o Haiti, foram estas as palavras da presidente Dilma: "Na liderança da Minustah, temos promovido, desde 2004, no Haiti, projetos humanitários, que integram segurança e desenvolvimento. Com profundo respeito à soberania haitiana, o Brasil tem o orgulho de cooperar para a consolidação da democracia naquele país.'
Será mesmo? Fica a interrogação.
Merece também destaque o enfoque que deu à necessidade de reforma da Carta da ONU, no tocante à nova constituição de um Conselho de Segurança que dê mais respaldo aos países emergentes, até o presente à mercê de eventuais vetos dos privilegiados membros permanentes, a saber: França, EUA, Reino Unido, China e Rússia.
Coberta de razão, a presidente brasileira salientou que "Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países."
A posição brasileira no que toca aos movimentos no Norte da África e no Oriente Médio tem sido de certa forma positiva.
Segundo o discurso de ontem na ONU, '' assistimos a uma sucessão de manifestações populares que se convencionou denominar “Primavera Árabe”. O Brasil é pátria de adoção de muitos imigrantes daquela parte do mundo. Os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade. É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo.
O trecho dá a entender realmente que o País condena a intervenção estrangeira, embora a presidente o tenha dito com toda uma cautelosa diplomacia...
Quando o bonmbardeio de populações indefesas mereceria um protesto bem alto e sem meias palavras.
Todo apoio à parte final da fala da presidente ao salientar: "Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje. Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade."
Em resumo: pontos para a política externa do Brasiol, com as restrições aqui apontadas.
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