A greve dos petroleiros é justa e necessária, considera a Unidade Classista

                                                                              

   A Unidade Classista não medirá esforços na construção da greve petroleira!

Foram anos de marasmo, nos quais a principal representação sindical petroleira cumpria tabela numa suposta negociação salarial de cartas marcadas com a alta gestão da Petrobrás indicada por um governo correligionário, em um plácido compadrio. Mas eis que caem algumas máscaras deste teatro. 

A grande novidade é o resgate da luta no lugar do jogo de cena. Emparedado pela crise econômica que ele mesmo não pôde evitar, o governo se dobra de vez aos caprichos do conluio das grandes corporações petrolíferas internacionais em aliança com governos imperialistas e o voraz setor financeiro.

O modelo petista de tentativa de conciliação ad aeternum de classes antagônicas atinge seu limite histórico e rui como um castelo de cartas. Nada mais neoliberal que um governo ilusoriamente caracterizado como social democrata, quando se depara com a crise do capitalismo, sistema o qual ele fez a opção política de administrar. 

Seguindo ordens da comandante, que já desandara a promover leilões de petróleo a torto e a direito (do Pré Sal inclusive), o soldado Bendine aplica um receituário de fazer inveja aos saudosos de FHC e cia: Anuncia a intenção de privatizações de toda sorte, usando eufemismos vis como “desinvestimentos”, “vendas de ativos” ou “busca de parceiros estratégicos” (nada mais que a entrega da participação estatal das empresas do grupo Petrobrás ao mercado).

Como se não bastasse, abusa da paciência dos trabalhadores ao anunciar uma ultrajante proposta de acordo de trabalho, na qual saltavam aos olhos a redução do salário (considerando a inflação), a diminuição do valor de horas-extras e o corte de benefícios. 

O objetivo? Sinalizar ao mercado que a categoria está devidamente domesticada, não oferecendo perigo para eventuais compradores. Afinal, por que nós trabalhadores devemos pagar uma conta que não nos cabe? Por que não cortar privilégios de quem verdadeiramente os tem (alta cúpula e fornecedores de produtos e serviços superfaturados)?

Ataques e golpes meticulosamente orquestrados à Petrobrás se intensificam na crise, partindo dos bancos, das agências de classificação de riscos, do judiciário, da ANP, da Receita Federal, da mídia, dos governos imperialistas. Que todas as aves de rapina externa façam esses ataques visando nos fragilizar, já esperávamos. Ocorre que, dessa vez, a própria gestão da Petrobrás passa a protagonizar as sabotagens, pondo nosso patrimônio em liquidação.

Numa firme recusa de conciliar com tamanha escabrosidade, os sindicatos acertadamente se negaram a legitimar a tal mesa de “negociações”. Passadas semanas em que a diretoria cozinhou a categoria em banho-maria sem mover uma palha, convoca-se a legítima greve, em consonância com o término da paciência do conjunto dos trabalhadores. 

A diretoria sente o golpe, e com receio da perda do controle da situação, tenta se antecipar chamando nova conversa. Porém, num ataque de autoritarismo, suspende a negociação ao perceber que, justamente o legítimo instrumento de pressão dos trabalhadores – a greve – está de fato funcionando. E isso foi só o começo. 

Com novas adesões à greve, rapidamente o movimento se espalha e a diretoria fica definitivamente em xeque com o contragolpe a altura de seus desmandos: hoje o decréscimo de produção se aproxima de 500 mil barris diários, quase todas as refinarias e dezenas de plataformas pararam ou operam em contingência, diversas unidades operacionais e administrativas vão se somando à resistência! Com intimidações, repressão, terrorismo catastrófico e desinformação, os gestores executivos tentam desesperadamente fazer desacreditar o movimento, que segue aguerrido e crescente.

Chamamos os trabalhadores à reflexão. Não é hora de recuarmos, pois está sob risco a própria existência da histórica Petrobrás como a conhecemos. A realidade está demonstrando, na prática, que quando a Petrobrás é atacada ou vilipendiada, quem perde é o brasileiro. O momento exige unidade, responsabilidade e solidariedade de todas as diversas categorias de trabalhadores!

Os ataques contra a mobilização seguem uma lógica. Martelam na nossa cabeça que os partidos devem afastar-se do sindicato, o sindicato deve afastar-se dos trabalhadores, o trabalhador deve afastar-se da política… Querem restringir e fragmentar a ação da categoria petroleira e da classe trabalhadora.

Sem sindicatos, movimentos, organizações e partidos de luta, as causas ficam difusas, perdem força. Nossas conquistas históricas mais básicas, como jornada de 8h de trabalho, benefícios e seguridade social são fruto direto da ação coletivizada em prol dos trabalhadores. A direita não precisa desses instrumentos que nos são tão caros, pois ela possui ferramental de persuasão – e coerção – que os substitui, como a mídia, o poderio financeiro e o aparato repressor. 

Portanto, é ingenuidade supor que é possível conquistas pontuais de ordem econômica sem travar um debate político mais amplo. A pauta econômica não pode ser desvencilhada do projeto de Petrobrás que queremos. Não haverá, no médio e longo prazo, conquistas, benefícios e sequer empregos se os rumos privatizantes apontados seguirem adiante.

Não recuaremos um milímetro de nosso projeto de Petrobrás! Queremos uma companhia que resgate a ousadia do desenvolvimento a serviço das necessidades da maioria da população! Que retome o espírito público! 

Que valorize, antes de tudo, a sua força de trabalho, responsável pela geração de suas riquezas! Quem trabalha é quem tem razão, e não aqueles que nos subjugam, nos parasitam ou nos sabotam! Ombro a ombro, marchemos, na construção da histórica greve! Se o desafio é a nossa energia, a indignação é nosso combustível para a luta!

​http://csunidadeclassista.blogspot.com.br/2015/11/a-greve-petroleira-e-justa-e-necessaria.html

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