FIM DE GOVERNO
Antônio de Faria Lopes (*)
Lula destratou o Presidente Uribe, da Colômbia, sob o argumento de que faltavam poucos dias para a posse do novo presidente daquele país. A razão do bate-boca, como não podia deixar de ser, foi o apoio que Chavez, da Venezuela, oferece aos soldados das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) homiziados em território venezuelano. Não quero comentar os últimos insucessos de nossa voluntarista política externa, que usa a imprensa para oferecer asilo à infeliz iraniana condenada à morte por apredejamento, sem que o nosso governo oficialmente o faça, por escrito, como convém.
O episódio foi apenas mais um golpe da propaganda oficial para amenizar a declaração de Lula de que devíamos respeitar as leis do Irã. Isto não impediu que o Ministro do Exterior de lá respondesse, diplomaticamente, que o presidente brasileiro está mal informado ou, como é costume repetir por aqui, Lula nunca sabe de nada.
Nosso presidente parece não conhecer a estória do governador mineiro que dizia que em final de governo nem cafezinho era mais servido. Mas age como se conhecesse pelo desprezo que demonstrou pelo seu colega colombiano. Estamos a menos de 5 meses do final dos 8 anos de Lula. Será que em novembro próximo, com um novo presidente eleito (ou “presidenta” eleita) o ainda ocupante do Palácio do Planalto terá direito ao cafezinho? Se a eleita for Dilma certamente que terá muitos cafezinhos e todas as homenagens, loas, discursos e adulações que, parece, lhe agradam muito. Mas o centro do poder já será outro. O PMDB, por exemplo, preferirá discutir quanto vale a “governabilidade” (palavra mágica que o partido sabe usar) com a futura dona do poder. E o preço certamente será maior do que o cobrado de Lula. Mais espaço, mais licitações, mais cargos, mais dinheiro, mais tudo. Os atuais ocupantes do primeiro escalão, principalmente das estatais e fundos de pensão, farão fantasiosos relatórios que justifiquem a permanência deles e o risco que qualquer mudança representa. Lula sempre será ouvido. Suas palavras entrando num ouvido e saindo pelo outro. Ela sabe que a partir do primeiro dia do ano que vem a “canetinha” estará na mão dela. Repetirá, como fez na campanha, que continua fiel aos conselhos e à direção de Lula. Tudo da boca pra fora. Afinal, “nunca houve, na história deste país, uma mulher na presidência”. O Brasil será descoberto pela terceira vez.
Se Serra for o eleito é possível que falte cafezinho. Certamente não faltarão o vinho francês e cachaça Havana. O prefeito de Salinas continua generoso. O PMDB parecerá solidário mas estará negociando a “governabilidade” no gabinete de Serra (com os mesmos argumentos e, quem sabe, um preço um pouco menor). Os aloprados oferecerão os préstimos, especialmente a fabricação de dossiês que comprovando que houve fraude nas apurações e que Dilma é que foi vitoriosa. Será o final de ano mais triste na vida de Luiz Inácio.
(Publicado originalmente na seção de Opinião de O Tempo)
Antônio de Faria Lopes (*)
Lula destratou o Presidente Uribe, da Colômbia, sob o argumento de que faltavam poucos dias para a posse do novo presidente daquele país. A razão do bate-boca, como não podia deixar de ser, foi o apoio que Chavez, da Venezuela, oferece aos soldados das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) homiziados em território venezuelano. Não quero comentar os últimos insucessos de nossa voluntarista política externa, que usa a imprensa para oferecer asilo à infeliz iraniana condenada à morte por apredejamento, sem que o nosso governo oficialmente o faça, por escrito, como convém.
O episódio foi apenas mais um golpe da propaganda oficial para amenizar a declaração de Lula de que devíamos respeitar as leis do Irã. Isto não impediu que o Ministro do Exterior de lá respondesse, diplomaticamente, que o presidente brasileiro está mal informado ou, como é costume repetir por aqui, Lula nunca sabe de nada.
Nosso presidente parece não conhecer a estória do governador mineiro que dizia que em final de governo nem cafezinho era mais servido. Mas age como se conhecesse pelo desprezo que demonstrou pelo seu colega colombiano. Estamos a menos de 5 meses do final dos 8 anos de Lula. Será que em novembro próximo, com um novo presidente eleito (ou “presidenta” eleita) o ainda ocupante do Palácio do Planalto terá direito ao cafezinho? Se a eleita for Dilma certamente que terá muitos cafezinhos e todas as homenagens, loas, discursos e adulações que, parece, lhe agradam muito. Mas o centro do poder já será outro. O PMDB, por exemplo, preferirá discutir quanto vale a “governabilidade” (palavra mágica que o partido sabe usar) com a futura dona do poder. E o preço certamente será maior do que o cobrado de Lula. Mais espaço, mais licitações, mais cargos, mais dinheiro, mais tudo. Os atuais ocupantes do primeiro escalão, principalmente das estatais e fundos de pensão, farão fantasiosos relatórios que justifiquem a permanência deles e o risco que qualquer mudança representa. Lula sempre será ouvido. Suas palavras entrando num ouvido e saindo pelo outro. Ela sabe que a partir do primeiro dia do ano que vem a “canetinha” estará na mão dela. Repetirá, como fez na campanha, que continua fiel aos conselhos e à direção de Lula. Tudo da boca pra fora. Afinal, “nunca houve, na história deste país, uma mulher na presidência”. O Brasil será descoberto pela terceira vez.
Se Serra for o eleito é possível que falte cafezinho. Certamente não faltarão o vinho francês e cachaça Havana. O prefeito de Salinas continua generoso. O PMDB parecerá solidário mas estará negociando a “governabilidade” no gabinete de Serra (com os mesmos argumentos e, quem sabe, um preço um pouco menor). Os aloprados oferecerão os préstimos, especialmente a fabricação de dossiês que comprovando que houve fraude nas apurações e que Dilma é que foi vitoriosa. Será o final de ano mais triste na vida de Luiz Inácio.
(Publicado originalmente na seção de Opinião de O Tempo)
(*) Ex-deputado estadual, ex´sindicalisa e atualmente advogado
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