Vitória dos ambientalistas. Mineradora australiana desiste de extrair ouro na Serra do Gandarela
A mineradora australiana Mundo Minerals decidiu suspender por tempo
indeterminado suas operações na mina de ouro subterrânea chamada
Engenho, próxima ao município de Rio Acima, no Quadrilátero Ferrífero,
e demitiu 50 trabalhadores.
A justificativa da empresa, segundo agências de notícias
especializadas em mineração, é a demora por parte dos governos
estadual e federal em definir a área de abrangência do Parque Nacional
da Serra do Gandarela. Os órgãos ambientais não estariam licenciando
ou revalidando licenças para áreas da região onde se pretende
construir o parque.
Nos planos da Mundo Minerals estaria a abertura de uma nova mina na
região, denominada Crista, de baixo custo operacional. A abertura
dessa mina diluiria os altos custos operacionais da atual mina do
Engenho, viabilizando a operação conjunta.
O investimento em Crista acabou inviabilizado pela falta de
delimitação da área do parque nacional. Dependendo da demarcação, a
área da mina pode ser destinada ao parque. A operação da mina também
demandaria a construção de uma estrada, que passaria pela necessidade
de licenciamento.
A empresa, em seu último balanço financeiro, já aventava a
possibilidade de encerrar as operações da mina do Engenho em dezembro
deste ano por dificuldades no licenciamento ambiental e pelo alto
custo operacional.
Conforme o balanço financeiro da Mundo Minerals, as operações da mina
Engenho passavam por processo de otimização com vistas a redução de
custos. Este ano seriam investidos US$ 1 milhão para assegurar uma
economia mensal de R$ 250 mil.
De junho de 2010 a junho de 2011, a mina do Engenho produziu 18,239
onças de ouro. Para cada tonelada de minério são lavrados 2,5 gramas
do metal. Neste período, a empresa comercializou 17.982 onças, o que
gerou receitas da ordem de US$ 24,5 milhões. O preço médio de venda
foi de US$ 1.437 por onça, informou o relatório financeiro da
companhia.
O projeto do Parque Nacional da Serra do Gandarela abrange as cidades
de Barão de Cocais, Rio Acima, Caeté, Santa Bárbara, Raposos, Ouro
Preto, Itabirito e Nova Lima em uma área total de 38.210 hectares. No
total, considerando as áreas de amortecimento, serão 90 mil hectares
de área protegida, onde a única atividade econômica permitida será o
turismo.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
finalizou a proposta de criação do Parque em outubro de 2010, mas as
tratativas com o Ministério do Meio Ambiente e o governo de Minas
ainda estão em curso. O projeto Apolo, da Vale, orçado em R$ 4
bilhões, e aguarda a delimitação do Parque.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(Semad) confirmou que os licenciamentos estão suspensos. A criação do
Parque mesmo está prevista para março de 2012. (Com o Hoje em Dia)
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