Um passo de avanço tecnológico na República Socialista de Cuba

                                                                                Jose M. Correa


COM o objetivo de conseguir satisfazer as necessidades, mediante o uso sistemático e em massa das tecnologias no cotidiano, o governo cubano tem entre suas prioridades avançar na informatização da sociedade cubana.

Há alguns anos, a Primeira Conferência Nacional do Partido traçou-se como um dos seus objetivos aproveitar as vantagens das tecnologias da informação e as comunicações, como ferramentas para o desenvolvimento do conhecimento, a economia e a atividade política e ideológica; expor a imagem de Cuba e sua verdade, bem como combater as ações de subversão contra o país.

Como parte deste processo, surgiu um projeto que não tem antecedentes no país. Acerca da nova geração de tablets e laptops montadas em Havana, o chefe desta iniciativa, Fernando Fernández, conversa com o Granma Internacional.

Como surge este programa?

«Surge como um dos projetos de desenvolvimento que tem o Grupo da Eletrônica para potencializar as aspirações da Revolução, relativamente à informatização segura da sociedade cubana. A partir daí foram assinados acordos de traba-lho e cooperação com a empresa chinesa Haier e com a Universidade das Ciências Informáticas (UCI), com esta última para o desenvolvimento de todas as aplicações e softwares que potenciem maior integração e maior valor agregado aos produtos que seriam criados. Já teríamos então um hardware escolhido com um software produzido nacionalmente».

Qual é o papel de cada uma das empresas no projeto?

«No acordo Haier é a responsável por fornecer toda a matéria prima para os primeiros anos de produção, além da tecnologia, quer dizer, a linha de produção, com local de certificação de provas e a asseguração em geral. Ainda, é a responsável pela capacitação e saber fazer todo o projeto e o processo produtivo.

A UCI devia criar todo o software e as aplicações, tanto para os sistemas operativos NOVA (no caso das laptops) e NOVADROID (relativamente às tablets), bem como aplicações próprias do processo produtivo, quer dizer, o software dos controles de número de série para o acompanhamento do produto final».

«A Empresa Industrial para a Informática, as Comunicações e a Eletrônica (GEDEME) teria toda a responsabilidade da cadeia produtiva e a comercialização, em uma primeira etapa varejista, fundamentalmente através da Copextel, Cuba Eletrônica e organismos e entidades estatais».

Que características tem a fábrica?
                                                                                      Jose M. Correa

«Este foi um projeto o bastante rigoroso no qual nós visitamos as instalações chinesas onde se faz este tipo de produção, e a linha que adquirimos é muito competitiva aos padrões internacionais, é muito susceptível de ser modificada, quer dizer, pode ser utilizada para a produção de qualquer equipamento eletrônico de alta tecnologia, excetuando os servidores, que levam outro tipo de tecnologia».

Que aspirações se propõe a fábrica?

«Hoje temos uma capacidade de produção de 120 mil equipamentos anuais, especificamente laptops ou tablets, onde fazemos 500 equipamentos diários, aproximadamente, e temos 80 trabalhadores ao má-ximo».

«Nossas aspirações vão poder continuar e poder cobrir essa capacidade produtiva e entregar essas quantidades ao mercado. Hoje está limitado pelo nível aquisitivo que tem o país quanto ao financiamento, porém a capacidade e a capacitação estão disponíveis e o pessoal está pronto».

Qual é a sua estratégia de vendas?

«Em uma primeira etapa nos incorporamos aos projetos de distribuição nacional, às redes de venda varejista, fundamentalmente Copextel e Cuba Eletrônica, e vai ser dedicada às entidades nacionais, para outro tipo de mercado seria preciso criar outras condições».

Qual seria o preço das tablets e laptops?

«Depende do preço de aquisição da matéria prima, importada completamente, que nos entregaria o fornecedor chinês, através de créditos e mecanismos financeiros que tem o país. Mas se prevê que a partir do ano 2018 comecem a ser produzidas aqui em Cuba as matérias primas de embalagem: caixas de papelão, nylons, protetores de PVC, suportes antichoques».

Que características têm os produtos?

«São produtos comerciais, não são de alto rendimento porque são caros. Comercializamos laptops de sexta geração em três modelos, com configurações diferentes: Celerones, Core i3 e i5, todas com 500 gigabytes de hard disc, quatro gigabytes de RAM (usada como memória de trabalho em computadores, tablets, telefones inteligentes), com todas as bondades de conectividade WIFI, BLUETOOTH, saída de porta HDMI, USB 3, quer dizer, padrões de características técnicas similares a qualquer outro produto do mercado internacional».

«E no caso das tablets estamos comercializando-as em dois modelos fundamentais, de oito e dez polegadas, ambas octa-core (processador de oito núcleos) com dois gigabytes de memória RAM, 16 gigabytes de armazenamento e no caso da de 10 polegadas com acessórios como teclado e caneta. Ainda, conta com porta USB, mini HDMI de saída e pode dispor de até um terabyte de informação, a partir de um disco externo».

Qual é a cadeia produtiva da fábrica?

«O processo conta com um quarto limpo utilizado para a produção ou acabamento de todos os tácteis e telas das laptops e tablets. Daí começa o fluxo produtivo em linhas de produção semiautomática».

«Primeiramente, ocupamo-nos de toda a montagem do produto. Depois o equipamento é levado para um quarto de envelhecimento, onde lhe são feitos os testes de prova e de estresse a cada uma das partes e peças, durante duas ou três horas, de acordo ao pactuado com o cliente, e depois de ter passado essas provas realizam-se testes detalhados a cada um dos equipamentos. Ali se fazem aproximadamente 35 provas de qualidade».

«Depois, vem a etapa de embalagem e selado. Junto com esta linha de produção adquiriu-se o local de provas de certificação, onde existem seis máquinas especializadas para fazer-lhes provas, tanto mecânicas quanto de ambiente aos componentes e aos equipamentos. Temos uma máquina que se dedica ao teste das dobradiças; outra que se dedica a testar todos os conectores USB das tablets e laptops; outra se especializa no teste dos botões de controle das tablets. Contamos com um forno de temperatura e umidade controlada e temos, aliás, uma câmera de spray salino que simula toda a salinidade de nosso país».

Na atualidade quantos trabalhadores têm?

«Neste ano temos uma produção aproximada de 50 mil equipamentos, o número de trabalhadores se adéqua a essa quantidade. Neste momento há em torno de 32 traba-lhadores onde a idade media é de 26 anos, um coletivo muito jovem, com um processo de seleção o bastante rigoroso. Contratamos para isto a Empresa Nacional de Software (Desoft) que se especializa nos processos de seleção».

«Fizeram-se testes psicométricos, de habilidades, de interpretação e de concentração e escolhemos os trabalhadores de acordo aos resultados».

Qual é o comportamento da fábrica atualmente?

«Esta oficina foi inaugurada no dia 23 de dezembro de 2016 com a presença do primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, Miguel Díaz-Canel Bermúdez. Até esse momento já foram terminadas 2.000 laptops, as quais devem começar a ser vendidas em fevereiro e foram terminadas 1.700 tablets. No restante do mês esse número deve aumentar».

Quais os benefícios que a fábrica traz ao país?

«Este projeto responde ao Programa de Informatização da Sociedade Cubana, e o primeiro grande benefício é fornecer ao nosso país um produto mais ajustado, tanto ao ambiente nacional como às prestações. Porém, o objetivo fundamental é poder converter-nos nos fornecedores deste tipo de equipamentos para o país e substituir completamente as importações.»

(Com o Granma)

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