Brasil e Alemanha na torcida para que a ONU vote resolução contra espionagem na internet
Brasil e Alemanha querem que a ONU vote ainda este ano uma resolução que promova o direito à privacidade na internet, segundo a revista Foreign Policy. Diplomatas dos dois países se reuniram quinta-feira (24/10) em Nova York para tratar do assunto, logo após a revelação de que o celular da chanceler alemã, Angela Merkel, teria sido espionado pelos Estados Unidos. Outros 34 líderes mundiais também foram espionados, inclusive a presidente Dilma Rousseff.
Se a resolução for aprovada, será a primeira grande medida internacional contra a espionagem promovida pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA, na sigla em inglês). O plano discutido por brasileiros e alemães é uma ampliação do direito à privacidade previsto no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, assinado em 1966, estendendo-o à internet.
"O acordo foi formulado em uma época em que a internet não existia", afirmou à Foreign Policy um diplomata envolvido nas negociações. "Todo mundo tem direito à privacidade e o objetivo é que essa resolução seja aplicada para proteger as comunicações online".
De acordo com a Foreign Policy, o documento que está sendo escrito por Brasil e Alemanha não cita diretamente os Estados Unidos ou a NSA, mas fica claro que é uma resposta à espionagem promovida contra os dois países. Eles esperam que a resolução seja votada pelo comitê de direitos humanos da Assembeia Geral da ONU ainda em 2013.
Na quarta-feira (23), a Alemanha ficou irritada com a revelação de que Merkel teria sido espionada pelos EUA. "Os amigos não devem ser espionados. A confiança deve ser restabelecida", afirmou a chanceler, em Bruxelas. Ontem, o jornal britânico The Guardian revelou que os alemães não eram os únicos que deviam se indignar: segundo novos documentos do ex-analista da CIA Edward Snowden, 35 líderes mundiais foram alvos da fiscalização norte-americana.
Já a presidente Dilma descobriu que foi espionada há pouco mais de um mês, por meio de denúncias feitas pelo jornalista britânico Glenn Greenwald. À época, Dilma cancelou uma viagem diplomática dos EUA e exigiu respostas satisfatórias do governo de Barack Obama. (Com Opera Mundi)
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