O BLOQUEIO DOS EUA A CUBA - UM CASO DE GENOCÍDIO

                                                              



Lívia Rodríguez Delis

Granma


Depois que a Reserva Federal dos EUA aplicou, em 2004, a um banco suíço uma multa de US$100 milhões (84 milhões de euros) por enviar dinheiro a Cuba, entre outros países, a cubana Maria González, secretária de uma empresa e mãe solteira, deixou de receber a ajuda econômica que a mãe lhe enviava de outro país.

"Não entendo por que fazem isso, se não temos cometido nenhum delito. Felizmente, meu filho é saudável e meus problemas são só econômicos, mas conheço crianças com doenças que precisam dum tratamento especial e os medicamentos demoram muito, devem ser comprados em países longínquos quando podem ser comprados nos Estados Unidos, mais perto".

Acontece que o bloqueio dos EUA contra a Ilha ainda continua sendo para o povo cubano uma desumana realidade, materializada nos danos que por mais de 50 anos têm sofrido todos os setores da Ilha.

O relatório de Cuba sobre a Resolução 67/4 da ONU, que será debatido e submetido à votação, pela vigésima vez, em 29 de outubro próximo, ante a Assembléia Geral das Nações Unidas, demonstra a continuidade da política de genocídio e os danos provocados que, considerando a depreciação do dólar frente ao valor do ouro no mercado internacional, avaliam-se em mais de um trilhão de dólares estadunidenses, até abril deste ano.

Muitos são os exemplos que confirmam a determinação do governo norte-americano de manter essa medida unilateral e extraterritorial, ignorando o provado e crescente repúdio da comunidade internacional, inclusive dentro dos EUA.

Um editorial, publicado em de março de 2013 pela agência de negócios e finanças Bloomberg indicou que a Casa Branca, de 2000 a 2006, iniciou 11 mil processos de investigação, nesse país, por supostas violações do regime de sanções contra Cuba e sublinhou que para o resto das nações se levaram a termo 7 mil deles.

Ainda, continua a perseguição da administração norte-americana contra tudo aquilo que represente uma possibilidade de negócios para a nação caribenha, mediante seu Gabinete de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC), que tem imposto multas volumosas a empresas, bancos e organizações não-governamentais que mantêm relações comerciais com a Ilha.

Exemplo disto é a sanção de mais de um milhão de dólares à Great Western Malting Co., por facilitar que uma filial estrangeira vendesse ao país malte de cevada; ou a multa de mais de US$ 8 milhões recebida pelo Bank of Tókio Mitsubishi UFJ, do Japão, por processar transferências financeiras dum grupo de países, entre eles, Cuba.

De ridícula qualifica a multa de US$ 6,5 mil, imposta ao cidadão estadunidense Zachary Sanders, por viajar a Cuba sem licença do Departamento do Tesouro ou o bloqueio à compra de 100 exemplares do livro The Economic War against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, do autor Salim Lamrani, que a organização não-governamental britânica Cuba Solidarity Campaing queria fazer à editora Monthly ReviewnPress, em Nova York.

Muito elevados são os gastos que provoca ao país a compra em mercados longínquos de medicamentos, reagentes, peças para equipamentos de diagnóstico e tratamento, instrumentos e outros insumos, bem como o uso de intermediários na compra destes. Isto incide diretamente na população, pois a qualidade destes serviços que estão ao alcance de todos nesta nação se deteriora.

O setor da alimentação também é um dos mais afetados, pois um dos principais objetivos do bloqueio é render por fome e desalentar a população cubana.

Ainda que seja permitida a compra de alguns produtos agrícolas e alimentos nos EUA, este tipo de negociação se faz sob um regime desigual, pois Cuba não pode colocar seus produtos no mercado norte-americano e lhe é negado utilizar o dólar estadunidense em suas transações, entre outras restrições.

A educação, a cultura e o esporte também são flagelados constantemente com a guerra econômica, que impede aos estudantes cubanos contarem com materiais escolares, matéria-prima e o intercâmbio de informação científica, cultural e esportiva, procedente dos Estados Unidos.

São significativas as medidas desenhadas para proibir ou condicionar o desenvolvimento normal dos intercâmbios acadêmicos, as viagens de estudantes e professores, o fluxo de informação científica e a compra de insumos, meios e instrumentos para a docência, a pesquisa e o trabalho científico em geral.

Como o comércio exterior, o investimento estrangeiro também é alvo do bloqueio econômico, sendo este um dos pontos fundamentais para o desenvolvimento da nação caribenha.

O encarecimento dos financiamentos, o aumento dos custos de frete e o transporte marítimo ocasionam, juntamente com as pressões a empresas estrangeiras, uma demora no processo de acometer novos empreendimentos na Ilha, impedindo o estabelecimento de negócios conjuntos.

Os setores da construção, o turismo, as comunicações, energia e mineração, a aeronáutica civil, e outros, também são afetados pelos maiores custos financeiros associados ao obstáculo das transações bancárias e os obrigatórios gastos adicionais ao qual são submetidos pela obsessiva, desumana e repudiável perseguição à Revolução cubana. (Com Pátria Latina)


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