O Banco do Brasil já era: banco público cada vez mais privado e estrangeiro. Bom pra quem?

                                                                         

A decisão anunciada pelo governo federal na última quinta-feira 24, de aumentar de 20% para 30% a participação estrangeira no capital do Banco do Brasil, só colabora para que o banco se afaste mais um pouco de seu papel de empresa pública voltada para os interesses da população brasileira. 

Vender ações significa vender fatias de controle e poder de decisão sobre as políticas do banco. O governo federal detém mais de 50% do capital e teoricamente controla o BB, indica a maioria dos membros de seu Conselho de Administração e define as estratégias, investimentos e políticas do banco. Mas esse controle ficará cada vez mais ameaçado. 

Com uma fatia tão expressiva de capital, os investidores estrangeiros reivindicarão a presença de seus representantes no mais alto órgão de administração do banco, como fizeram recentemente com a Petrobrás. Farão isso para defender os seus próprios interesses, e não os interesses nacionais.

É previsível que os acionistas e fundos de investimentos sediados em outros países vão cobrar cada vez mais da direção do banco o estabelecimento de políticas que objetivem somente lucro e resultado a qualquer custo. O investidor estrangeiro deseja valorizar suas ações, arrecadar dividendos cada vez maiores e transferir esse dinheiro para suas contas no exterior. Se houver investimento mais rentável em qualquer outro canto do mundo, não pensarão duas vezes em vender sua participação no BB e migrar para lá. 

Não por acaso, muitos dos fundos que investem em empresas dos países em desenvolvimento como o Brasil são chamados de fundos abutres. Imitam as aves de rapina que descem das alturas, atacam e comem órgãos, músculos e proteínas, deixando somente os ossos e as carcaças queimando ao sol.

Dirão os defensores da venda do BB a estrangeiros que o capital será pulverizado e que não há como os acionistas se juntarem para controlar fatias do banco. Lembramos, em contraponto, que os abutres se juntam em bandos para atacar. Assim farão os capitalistas estrangeiros - somarão suas fatias para enfrentar o governo federal e os interesses soberanos do Brasil.

Se os estrangeiros tivessem um poder maior, o BB teria tido a atuação anticíclica de emprestar grandes volumes de dinheiro e turbinar a economia para tirar o Brasil da crise mundial de 2008? Teria puxado o movimento de redução das taxas de juros e do spread bancário, barateando o crédito para empresas e pessoas físicas, tirando milhões de clientes dos bancos privados? Ou estaria fazendo a política de alguns bancos privados, que combatem as políticas de incentivo à economia, feitas pelo governo por intermédio dos bancos públicos? 

Tão relevante quanto essas questões é o inferno das relações de trabalho. O BB, que um dia foi uma boa empresa para se trabalhar, está piorando dia a dia. Os funcionários não aguentam mais tanta pressão por metas, mudança diária nas estratégias e falta de orientações claras da direção. Os trabalhadores se sentem desrespeitados diariamente. Infelizmente, o aumento da participação estrangeira tende a piorar esse quadro, pois a cobrança por metas e resultados só vai crescer, uma vez que o investidor externo sempre vai querer mais para valorizar seu capital.

Por tudo isto, a Contraf-CUT se posiciona de maneira clara contra a decisão de aumentar a participação estrangeira no capital do BB. 
O Banco do Brasil é uma empresa pública e deve atender aos interesses da população brasileira e não aos interesses dos investidores estrangeiros.

A Contraf-CUT

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