Marcas da História

José Carlos Alexandre

A 48ª Caravana da Anistia que reúne-se nesta sexta-feira em São Paulo dá sequência à reparação em parte dos danos causados à democracia pela ditadura militar de 1964.
O mesmo grupo já se reuniu algumas vezes em Minas, inclusive em Belo Horizonte (no CREA e no Colégio Izabella Hendrix), apreciando processos envolvendo torturados e perseguidos mineiros.
Na primeira reunião da Caravana da Anistia neste ano, a realizar-se no Teatro Universitário da PUC em São Paulo, será lançado um importante marco para a história do Brasil: O Projeto Marcas da Memória.
E os organizadores foram muito felizes ao abrir o projeto com uma exposição dedicada ao frei Tito de Alencar, exemplo da ferocidade com que atuaram os torturadores dos que lutavam, de uma forma ou de outra, para que o país voltasse a ter um regime democrático.
Neste espaço - que alguém chamou de essencialmente democrático- publicanos não só a informação alusiva à 48ª Caravana da Anistia mas também um texto do próprio religioso em que relata os absurdos a que foi submetido nas prisões da ditadura
Bem a propósito, é bom lembrar que o governo de Minas Gerais está a dever a instalação de um memorial sobre o período da repressão no Estado. Por lei do então governador (hoje senador) Itamar Franco, este deveria ter sido instalado no prédio do antigo DOPS, na Avenida Afonso Pena.
E olhe que a legislação a respeito data do ano 2000...Quando ainda vice-governador, o professor Antônio Juno Anastasia chegou a ser elegantemente cobrado durante uma recepção em que era homenageado.
Com a mesma polidez, o hoje governador do Estado, admitiu que a instalação do memorial mineiro poderia sair mais para o final do ano...
O tempo passou, ele sucedeu ao sr. Aécio Neves da Cunha no comando do Estado e o assunto praticamente morreu.
É de se esperar que,com o lançamento do projeto Marcas da Memória, Minas também se mobilize para ter o direito de honrar suas vítimas dos tempos da repressão. Mais do que isso: instalar seu memorial no antigo DOPS, para que as atuais e futuras gerações tenham uma ideia do que foi um período de incompreensão, perseguição, atentados e torturas neste pedaço do Brasil.

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