Relatório aponta crescimento de demissões em veículos de comunicação

                                                                                

Entre 2012 e 2015 cerca de 3.568 pessoas, entre funcionários administrativos, técnicos ou outros tipos de profissionais fora das redações , foram dispensadas em empresas de mídia. Os dados foram mapeados por uma agência independente de jornalismo de dados com base em matérias publicadas nos sites “Portal Imprensa”, “Comunique-se”, e “Portal dos Jornalistas.”

Este é o primeiro levantamento compreendendo demissões de jornalistas em redações brasileiras ao longo de vários anos. Em apenas três anos, a Editora Abril demitiu 440 funcionários, sendo 163 jornalistas, de diversas redações. Em meio a prejuízos, venda e encerramento de títulos, devolução de escritórios em sua sede corporativa e um processo de adaptação para plataformas digitais, foi a empresa jornalística que mais dispensou jornalistas desde de 2012, até o começo de junho, de acordo com levantamento.

De 2012 a junho de 2015 foram contabilizadas pelo menos 1084 demissões de jornalistas em cerca de 50 redações, incluindo as principais empresas de comunicação brasileiras, a grande maioria por cortes de custos.

De acordo com a pesquisa, os números oficiais são maiores. Muitas notícias não discriminam quantos jornalistas foram demitidos, apenas os números totais. Além disso, a informalidade no setor muitas vezes não permite contabilizar, por exemplo, como demissão a dispensa de um jornalista contratado como Pessoa Jurídica (PJ) ou terceirizado, já que ele não é funcionário direto.

Dos seis veículos que demitiram 50 ou mais jornalistas, cinco são exclusivamente impressos. O Grupo Estado e o Grupo Folha ficaram empatados em segundo lugar no ranking das demissões em redações, com pelo menos 65 jornalistas dispensados. Na sequência vêm o Grupo RBS (54), o portal Terra (50) e o jornal Valor Econômico (50). A RBS, um dos maiores conglomerados de TV do Brasil, também é dona de vários jornais impressos.

Já no total de demissões, incluindo outras profissões, a Abril novamente lidera a lista, com pelo menos 446 demissões, seguida de Record (369), MTV (300), Terra (250), Rede TV! (223) e o jornal O Globo (170).

Desemprego

Ao mesmo tempo, pode ocorrer redução de vagas da maneira inversa: o profissional se demite voluntariamente e a vaga acaba não sendo reposta, frequentemente para conter custos.

O mercado total de jornalismo, que inclui contratações de profissionais como redatores, repórteres, repórteres-fotográficos, cinegrafistas, entre outros profissionais, fora das redações, também tem apresentado tendência de queda nas vagas disponíveis desde 2010.

Um indicador que atesta isso pode ser visto na série de cinco anos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de 2010 a 2014.

Apesar do crescimento de admissões de 2010 até 2012, as demissões cresceram mais rapidamente e o total de vagas para profissionais de jornalismo encolheu ano a ano, encerrando 2014 com saldo negativo de 43 demissões. Neste ano, até março, as dispensas já superavam as contratações em 57 vagas.

(com a Agência Volt/Associação Brasileira de Imprensa)

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