HAITI
2011: Retirada das tropas e soberania do
povo são condições para melhorar o país
Tatiana Félix (*)
O Haiti começou o ano de 2010 com um terremoto que devastou o país e deixou milhares de desabrigados pelas ruas. Ainda em meio às ruínas decorrentes da catástrofe, surge, em outubro, uma epidemia de cólera, que já matou mais de 2.500 pessoas e infectou cerca de 115 mil haitianos e haitianas. Para completar a situação, as eleições presidenciais em novembro foram consideradas fraudulentas e gerou protestos na população.
Somado a isso, o povo haitiano é obrigado a conviver, há cerca de sete anos, com a indesejável presença dos soldados das tropas da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti - a Minustah. Diante deste cenário, qual seria a perspectiva para o Haiti em 2011?
Para refletir sobre essa questão, o integrante da secretaria executiva nacional da Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas, José Maria de Almeida (foto), enfatizou que "em primeiro lugar é necessário registrar que as tropas [da Minustah] nada fizeram para ajudar a população, que permanece na pobreza". "O que as tropas estão fazendo lá?", questionou.
Para ele, as tropas da ONU só estão servindo para defender interesses econômicos dos Estados Unidos, França e Canadá e de empresas multinacionais. "O que menos importa é o povo. Os interesses são econômicos", completou Sandra Quintela, integrante do Jubileu Sul.
Ambos defendem que a retirada das tropas da Minustah do território haitiano é condição essencial para que o país se restabeleça. "Todo mundo está vendo que a Minustah é um fracasso, e não se assume isso, não se discute isso", ressaltou Sandra.
Para José Maria, o fato de o Brasil chefiar as tropas da Minustah é um "vexame internacional", já que o país teria se submetido à defender interesses econômicos estrangeiros. "É uma vergonha o Brasil se prestar a esse papel e ser usado pelos Estados Unidos", resumiu. Por isso, ele defende que seja feita uma intensa mobilização pela retirada das tropas. "É preciso que o mundo exija a retirada das tropas, para ajudar, de fato, o povo do Haiti", afirmou.
Ele disse ainda que se houvesse tido investimento em infraestrutura no Haiti, ao invés de investimento em tropas, tantas escolas não teriam desabado na ocasião do terremoto, matando centenas de crianças, nem hospitais e igrejas teriam caído em ruínas.
Sobre o surto de cólera, José Maria salientou que essa foi uma "tragédia anunciada". Ele comentou que por causa do terremoto, que deixou milhares de pessoas desabrigadas vivendo nas ruas e em abrigos temporários, a situação se tornaria propícia para o surgimento de uma epidemia, devido à falta dos serviços básicos como água potável.
O primeiro passo para o país se reerguer, segundo ele, "depende da luta do povo do Haiti. As mobilizações populares são importantes para a retirada das tropas. Essa é a primeira condição para melhorar o quadro no país", observou.
Além disso, ele ressaltou que, para reconstruir seu país, o povo do Haiti precisa de um governo legítimo e soberano. "Que legitimidade tem esse governo onde menos de 25% da população votou?", salientou. "O país precisa resgatar sua cidadania", finalizou.
Tatiana Félix (*)
O Haiti começou o ano de 2010 com um terremoto que devastou o país e deixou milhares de desabrigados pelas ruas. Ainda em meio às ruínas decorrentes da catástrofe, surge, em outubro, uma epidemia de cólera, que já matou mais de 2.500 pessoas e infectou cerca de 115 mil haitianos e haitianas. Para completar a situação, as eleições presidenciais em novembro foram consideradas fraudulentas e gerou protestos na população.
Somado a isso, o povo haitiano é obrigado a conviver, há cerca de sete anos, com a indesejável presença dos soldados das tropas da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti - a Minustah. Diante deste cenário, qual seria a perspectiva para o Haiti em 2011?
Para refletir sobre essa questão, o integrante da secretaria executiva nacional da Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas, José Maria de Almeida (foto), enfatizou que "em primeiro lugar é necessário registrar que as tropas [da Minustah] nada fizeram para ajudar a população, que permanece na pobreza". "O que as tropas estão fazendo lá?", questionou.
Para ele, as tropas da ONU só estão servindo para defender interesses econômicos dos Estados Unidos, França e Canadá e de empresas multinacionais. "O que menos importa é o povo. Os interesses são econômicos", completou Sandra Quintela, integrante do Jubileu Sul.
Ambos defendem que a retirada das tropas da Minustah do território haitiano é condição essencial para que o país se restabeleça. "Todo mundo está vendo que a Minustah é um fracasso, e não se assume isso, não se discute isso", ressaltou Sandra.
Para José Maria, o fato de o Brasil chefiar as tropas da Minustah é um "vexame internacional", já que o país teria se submetido à defender interesses econômicos estrangeiros. "É uma vergonha o Brasil se prestar a esse papel e ser usado pelos Estados Unidos", resumiu. Por isso, ele defende que seja feita uma intensa mobilização pela retirada das tropas. "É preciso que o mundo exija a retirada das tropas, para ajudar, de fato, o povo do Haiti", afirmou.
Ele disse ainda que se houvesse tido investimento em infraestrutura no Haiti, ao invés de investimento em tropas, tantas escolas não teriam desabado na ocasião do terremoto, matando centenas de crianças, nem hospitais e igrejas teriam caído em ruínas.
Sobre o surto de cólera, José Maria salientou que essa foi uma "tragédia anunciada". Ele comentou que por causa do terremoto, que deixou milhares de pessoas desabrigadas vivendo nas ruas e em abrigos temporários, a situação se tornaria propícia para o surgimento de uma epidemia, devido à falta dos serviços básicos como água potável.
O primeiro passo para o país se reerguer, segundo ele, "depende da luta do povo do Haiti. As mobilizações populares são importantes para a retirada das tropas. Essa é a primeira condição para melhorar o quadro no país", observou.
Além disso, ele ressaltou que, para reconstruir seu país, o povo do Haiti precisa de um governo legítimo e soberano. "Que legitimidade tem esse governo onde menos de 25% da população votou?", salientou. "O país precisa resgatar sua cidadania", finalizou.
(*) Tatiana Félix é jornalista da Adital
Imagem: Diário Liberdade/Conlutas/Divulgação)
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