A nova política cubana

José Carlos Alexandre
Em Cuba as mais importantes decisões governamentais, antes de tomadas são rigorosamente discutidas pela população. Em associações, sindicatos, federações, entidades as mais diversas, muitas vezes de casa em casa, abrangendo todos os quarteirões, as salas de aula, os locais de trabalho e de lazer, as clínicas, em todos os lugares. Estão sendo passadas de mão em mão os documentos c om as sugestões da adoção de medidas de política sócio-econômicas a serem adotadas a partir de 2011.
O próprio presidente Raúl Castro Ruz e seus principais ministros estão no Parlamento para o início dos debates.Uma verdeira democracia. Sem o arremedo da expressão cunhada nos elitistas debates da Ágora grega.
Daí talvez porque, num desprezo total pelo chamado berço da democracia, fiz questão de cantar e dançar na praça que substitui a Ágora, logo abaixo da Acrópole, em Atenas...
Voltando à chamada abertura da política econômica cubana, diante da nova realidade mundial, com as sucessivas crises do capitalismo de dois anos para cá, acho realmente temerária qualquer concessão que se faça ao capitalismo, num país socialista que é modelo para o mundo. Justamente por viver há 50 anos debaixo de feroz embargo por parte do imperialismo norte-americano.
Temo que Cuba se transforme numa pequena China, a viver constantemente a dobrar-se às medidas capitalistas.
O documento do PCB-centralismo democrático à parte- expõe em parte esta preocupação mas ainda é meio vago.
Espero que o VI Congresso do Partido Comunista Cubano, em abril próximo, possa bater o martelo sobre as conclusões das discussões que ora se iniciam.
E que possam resultar em modernização (mesmo porque não há modelo engessado de socialismo) mas sem perda de foco; isto é: voltar ao capitalismo, logo agora que ele dá mostras de estar bastante capenga.

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