MAIS PEDRADAS NO VÍDEO
Hermínio Prates (*)
Ameaça feita, ameaça cumprida!
Ameaça feita, ameaça cumprida!
Quem perde tempo lendo o que este simplório catador de letrinhas publica nesse minifúndio virtual (no repetitivo dizer do saudoso Roberto Drummond), deve se lembrar que em texto anterior jogamos pedras no vídeo que mostra o lixo que nos polui a mente.
Comprovado está, cientificamente falando, que a TV - tal qual o cigarro e o álcool -, também pode causar dependência. E mais: assim como o dependente de cocaína tem o impulso de cheirar mais para manter o estado de euforia, o telespectador contumaz sente necessidade de ficar grudado à TV para manter a sensação de relaxamento que o hábito produz.
A conclusão nem é nossa, de gente cá da pátria, mas dos pesquisadores americanos Robert Kubey, diretor do Centro de Estudos de Mídia da Universidade Rutgers, e Mihaly Csikszentmihalyi, professor de psicologia da Universidade de Claremont.
Acrescentemos ao que já foi comprovado que um levantamento da ONU garante que 93% das crianças do mundo têm acesso à TV. E o que poderia ser um fato positivo, digno até de ser uma qualificação para o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) das nações, é preocupante, pois os pequetitos daqui e de qualquer outro país passam pelo menos 50% mais tempo ligados ao aparelho do que em qualquer outra atividade não-escolar.
Querem mais indícios da dominação? Dos 15 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, 87% assistem à TV todo santo dia, segundo o estudo Panorama da Maturidade, realizado pelo instituto Indicator. A psicoterapeuta especializada em maturidade, Maria Cella de Abreu, explica que isso “é a necessidade de suprir a carência deixada pela falta de parceiros e da família que justifica o índice de audiência tão alto.” Muitas vezes deixado de lado pela família, ainda que vivendo sob o mesmo teto, o idoso é “largado” em frente da TV para não incomodar. “É socialmente inaceitável manter o idoso trancado sozinho dentro de um quarto, mas, se diante dele tiver uma televisão, tudo bem. É uma maneira de a família se livrar da culpa de, além de não dar atenção ao parente, impedir que ele atrapalhe a rotina. E ele mesmo sabe disso”, assegura a doutora.
É um grande risco, pois manter um idoso “grudado” ao aparelho também pode causar danos à saúde, “que vão de demência a mal de Alzheimer”, adverte o Dr. Cássio Bottino, coordenador do Projeto Terceira Idade do Hospital das Clínicas.
Não tem jeito de escapar. Os males do excesso de TV limitam a imaginação. E por não exigirem esforços das funções cognitivas, causam depressão, isolamento, uso de álcool, fumo e agressividade; complicam as funções cerebrais, dificultam a leitura e a percepção e o hábito de ver televisão à noite adia a ida para a cama, o que pode ser danoso para quem tem de acordar cedo. Os telemaníacos comem mais, caminho mais curto para a obesidade; TV em demasia prejudica a coluna por causa da má postura, colabora com o sedentarismo e dificulta as relações sociais.
E quer um motivo definitivo para que os viciados da silva fujam da luzinha hipnotizadora?
O sexo, meu irmão, a delícia do sexo...
Se o casamento não vai bem, dizem as matildes, a TV pode servir de reforço, ocupando o “vazio” da relação. Muitos casais usam a televisão como desculpa para não ter relacionamento sexual.
Portanto, se esse é o seu caso e se você já nem está mais sentindo vontade de praticar a deliciosa brincadeira a dois, não vacile: desligue a mardita!..
Matéria publicada pelo caderno Equilíbrio, da Folha de S. Paulo, ensina alguns truques que podem ajudar o adulto ou a criança a reduzir o tempo ou a dependência da TV. Faça os cálculos do número de horas diárias gastas com o aparelho e compare com o tempo que você acha que seria o ideal. Para chegar a ele, confira a programação da TV no jornal e só ligue o aparelho na hora do programa preferido; quando terminar, desligue-o. Em frente da televisão, faça uma auto-análise e identifique se o seu programa realmente está lhe agradando. Coloque um relógio à vista para determinar o tempo de uso da TV ou acione o timer do aparelho para desligá-lo na hora previamente definida. Quando a vontade apertar, ligue para um amigo, saia de casa, leia um livro, enfim, busque um substituto que lhe dê prazer, mas não ceda à tentação.
O vício de ver televisão é tão nefasto que o escrevinhador de plantão foi se deixando levar e, quando percebeu, já tinha produzido um texto insípido, inodoro e sem graça. Pior: tem o cheiro da pretensão e a aparência de uma cartilha. Deus nos livre de uma recaída...
(*) Hermínio Prates é jornalista
herminioprates@ig.com.br
herminioprates@ig.com.br
(Ilustração: Latuff/Divulgação)
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