O Centro de Estudos Jesuistas de Caracas fez uma análise da política do governo Obama para a América Latina e Caribe. Alguns pontos do estudo:
"Os primeiros movimentos da política exterior norte-americana com a América Latina e o Caribe (ALC) se caracterizaram por uma série de atos ambíguos e atitudes contrapostas. Dos coquetismos iniciais do presidente Obama com países como Cuba e Venezuela, a declarações agressivas da parte de funcionários de diversos níveis contra vários países considerados adversos aos EE.UU. As ações e discursos iniciais que mostravam alguma flexibilidade produziram mais de uma inquietude negativa na opinião pública estadunidense e o ataque dos setores mais conservadores não tardou muito em se manifestar e boa conta dele deram editoriais de imprensa e vários representantes do partido opositor.
O subsecretário de Estado para Assuntos Hemisféricos, Arturo Valenzuela, disse em roda de imprensa, uma semana antes da tomada de posse do recém eleito Presidente do Uruguai: “Esta viagem é uma continuação de nossos esforços para envolver-nos com os países do hemisfério numa multiplicidade de assuntos”.
Na visita que realizara o vice-presidente Biden ao México, enviara um sinal bem claro de que a administração Obama daria prioridade às relações com a ALC.
Em declarações dadas nas Bahamas pelo atual secretario de defesa Robert Gates, a propósito da conferência de segurança regional dos países da órbita do Caribe, em princípios de abril de 2010, ele dissera que se estava enviando um forte sinal de que “os Estados Unidos estão se reenvolvendo com esta região”.
A ofensiva diplomática
A composição dos governos da América Latina é diversa. A atual administração dos Estados Unidos possui fortes adversários e firmes aliados. Cuba, Bolívia, Brasil, Equador, Nicarágua, Uruguai, Paraguai e Venezuela estão sendo regidos por governantes progressistas ou de centro-esquerda (ou verbalmente identificados com essas posturas políticas). Ao que conviria acrescentar que vários destes países adiantaram iniciativas de cooperação regional, com as quais de algum modo se pretende romper ou neutralizar a ação ou influência estadunidense na região. Dentro dessas iniciativas estariam ALBA-TCP, Unasul, Banco do Sul e, mais recentemente, a criação da União de Nações latino-americanas e do Caribe. Isso em meio a um contexto mais amplo de diversificação das relações econômicas, diplomáticas e militares. Entre os aliados encontram-se: Chile, Peru, Honduras, Panamá, Colômbia e México.
Um claro exemplo da ofensiva política e diplomática dos EE.UU na região foi o recente episódio do golpe em Honduras. Como parte das contradições inter-burguesas na condução deste país, o derrotado presidente Mel Zelaya realizara alguns movimentos de alianças com os países que formam a ALBA. Entre outras coisas, também realizara declarações em torno de suas intenções de converter a Base Soto Cano num aeroporto destinado totalmente para atividades civis, coisa que não agradou ao Pentágono. Estes elementos fizeram supor às facções mais conservadoras de Honduras e aos analistas estadunidenses que se estava produzindo na região um avanço do comunismo na América Central. Uma vez produzido o golpe, a atitude estadunidense foi ambígua, contraditória e branda com o princípio de apoio à democracia liberal. Os funcionários que manifestaram a política exterior dos Estados Unidos nesse tema se mostraram mais eficazes em reconhecer eleições que legitimavam o golpe do que em colaborar com o restabelecimento da democracia nesse país."
O subsecretário de Estado para Assuntos Hemisféricos, Arturo Valenzuela, disse em roda de imprensa, uma semana antes da tomada de posse do recém eleito Presidente do Uruguai: “Esta viagem é uma continuação de nossos esforços para envolver-nos com os países do hemisfério numa multiplicidade de assuntos”.
Na visita que realizara o vice-presidente Biden ao México, enviara um sinal bem claro de que a administração Obama daria prioridade às relações com a ALC.
Em declarações dadas nas Bahamas pelo atual secretario de defesa Robert Gates, a propósito da conferência de segurança regional dos países da órbita do Caribe, em princípios de abril de 2010, ele dissera que se estava enviando um forte sinal de que “os Estados Unidos estão se reenvolvendo com esta região”.
A ofensiva diplomática
A composição dos governos da América Latina é diversa. A atual administração dos Estados Unidos possui fortes adversários e firmes aliados. Cuba, Bolívia, Brasil, Equador, Nicarágua, Uruguai, Paraguai e Venezuela estão sendo regidos por governantes progressistas ou de centro-esquerda (ou verbalmente identificados com essas posturas políticas). Ao que conviria acrescentar que vários destes países adiantaram iniciativas de cooperação regional, com as quais de algum modo se pretende romper ou neutralizar a ação ou influência estadunidense na região. Dentro dessas iniciativas estariam ALBA-TCP, Unasul, Banco do Sul e, mais recentemente, a criação da União de Nações latino-americanas e do Caribe. Isso em meio a um contexto mais amplo de diversificação das relações econômicas, diplomáticas e militares. Entre os aliados encontram-se: Chile, Peru, Honduras, Panamá, Colômbia e México.
Um claro exemplo da ofensiva política e diplomática dos EE.UU na região foi o recente episódio do golpe em Honduras. Como parte das contradições inter-burguesas na condução deste país, o derrotado presidente Mel Zelaya realizara alguns movimentos de alianças com os países que formam a ALBA. Entre outras coisas, também realizara declarações em torno de suas intenções de converter a Base Soto Cano num aeroporto destinado totalmente para atividades civis, coisa que não agradou ao Pentágono. Estes elementos fizeram supor às facções mais conservadoras de Honduras e aos analistas estadunidenses que se estava produzindo na região um avanço do comunismo na América Central. Uma vez produzido o golpe, a atitude estadunidense foi ambígua, contraditória e branda com o princípio de apoio à democracia liberal. Os funcionários que manifestaram a política exterior dos Estados Unidos nesse tema se mostraram mais eficazes em reconhecer eleições que legitimavam o golpe do que em colaborar com o restabelecimento da democracia nesse país."
Em outro trecho o informe diz: "A ação estadunidense tratou de moderar a postura do Brasil em relação ao tema iraniano. O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, havia declarado na Cúpula da América Latina e do Caribe, realizada no México, que a comunidade internacional não devia isolar nenhum país em nome da paz mundial, referindo-se ao Irã e à perspectiva de novas sanções. A posição do Brasil com respeito ao tema iraniano preocupa os Estados Unidos por duas razões fundamentais: a primeira é porque eles avaliam que o colosso do sul tem grande influência na região e pode ajudar a bloquear ou a moderar as posturas da Venezuela e Bolívia nas relações com o Irã: e a segunda, porque na atualidade o Brasil ocupa um dos postos rotativos no Conselho de Segurança da ONU e ante a discussão de eventuais sanções contra o Irã seu voto pode ser decisivo.Ante uma situação em que a política exterior norte-americana havia perdido força e ante um quadro de conjunto de governos que manifestaram dissidência pública com os Estados Unidos, operou-se uma recomposição da política exterior desse país que não duvidamos em qualificar de ofensiva diplomática ativa, porém com um pouco mais de tato em comparação com aquela adiantada pela administração Bush".
E finaliza:" A nova política exterior norte-americana com respeito à ALC se expressa no momento atual numa ofensiva político-diplomática, por um lado, e militar, pelo outro. Trata-se de estreitar relações com governos da região catalogados como aliados, enquanto se hostiliza e se implementam táticas para o desgaste interno e externo de governos catalogados por eles como hostis. Paralelamente, desenvolve-se o componente militar sob a responsabilidade do Comando Sul, que inclui a obtenção de acordos para instalação de bases com diferentes finalidades, como monitoramento por radar e satélite, postos de controle e supervisão de áreas geográficas, treinamento de tropas dos países anfitriões, exercícios militares conjuntos, etc. Esta nova ofensiva norte-americana ocorre num contexto em que o continente latino-americano experimenta governos discursivamente de esquerda ou progressistas".
Comentários