O ATO HEROICO DE ELKE MARAVILHA CONTRA A DITADURA MILITAR

                                                                 

Corria o ano de 1972. Atrás daquela jurada espalhafatosa, estava uma mulher com história, forte, capaz de um ato corajoso nos piores momentos dos anos de chumbo.

O ato heroico aconteceu no Aeroporto Santos Dumont, quando Elke Maravilha rasgou um cartaz com as fotos dos procurados pela ditadura que estava colado na parede. Entre os procurados Stuart Angel, filho de Zuzu. Rasgou e cartaz e foi presa.

Em anexo a ficha de Elke Grunupp, a Elke Maravilha. Anexado ao processo, a prova do “crime” de Elke: a foto de Stuart Angel, rasgada do cartaz. Como no filme, só que a da vida real. E no processo, a descrição da coragem de Elke por um próximo, filho de sua amiga. A ira santa num momento da história que não se podía ter ira, não se podia pensar diferente.

No cinismo do processo de Elke, de 29 de fevereiro de 1972, alega-se que o ato dela poderia “prejudicar a localização de Stuart”. Como se não soubessem que Stuart morrera torturado barbaramente nas dependências da Base Aérea do Galeão em 14 de junho de 1971. Arrastado por um carro com a boca pendurada ao cano de descarga.

O processo ainda cita como agravante que “Elke goza das franquias da nacionalidade brasileira mesmo sendo de origem estrangeira”. Em outros arquivos, mais papéis e documentos sobre aquele caso apareceram.

O ato causou a prisão de Elke e a perda de sua cidadania brasileira. Por anos virou apátrida, até que requisitou novamente sua cidadania alemã. Nos anos de chumbo, perdeu importantes trabalhos por isso. Sua carteira de identidade foi confiscada.

http://www.documentosrevelados.com.br/…/elke-maravilha-uma…/

Morre no Rio a atriz Elke Maravilha

Atriz morreu no início da madrugada desta terça-feira (16). Família contou que ela foi operada de uma úlcera e estava em coma induzido.

Dona de um visual marcante, ela era uma camaleoa: ousada e irreverente. Elke Maravilha morreu no início da madrugada desta terça, por volta de 1h. Ela estava internada, desde o dia 20 de junho, em um hospital na Zona Sul do Rio. A família contou que ela foi operada de uma úlcera e estava em coma induzido.

Elke nasceu na Rússia e veio para o Brasil ainda criança. "O Rio é um barato, a beleza. Minas é a minha terra. Eu sou mineira. São Paulo eu acho um luxo, quer dizer, o Brasil inteiro. Eu sou apaixonada por isso e, mesmo se me expulsarem, eu não saio", afirmou Elke.

No currículo, colecionava mais do que o título de atriz. Foi modelo, secretária, bibliotecária, bancária, professora e tradutora. Era polêmica. Foi rainha de Associação de Prostitutas no Rio. Se casou várias vezes, disse que fez aborto.

Chegou a ser presa por desacato, durante seis dias, na ditadura militar, depois de rasgar um cartaz de procurado com a foto do filho da estilista Zuzu Angel, para quem desfilava na época. "Trabalhar foi ótimo. Agora, ser amiga de Zuzu foi melhor ainda", disse.

Viveu intensamente, bem do jeito dela. Aos 71 anos, disse adeus.

(Com Aluízio Palmar/Facebook/G1)

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