Chancelaria cubana: Obama será bem-vindo a Cuba desde que não interfira em nossa ordem interna

                                                                              

Chefe da delegação cubana assegurou que houve avanços nas negociações com a equipe dos EUA, mas que há 'temas essenciais' em pauta, como o bloqueio e devolução de Guantánamo
      
No aniversário de um ano desde o anúncio da retomada das relações diplomáticas entre Cuba e EUA, Josefina Vidal, diretora de questões dos EUA da chancelaria cubana, declarou nesta quinta-feira (17/12) que o presidente norte-americano, Barack Obama, será bem-vindo para visitar Cuba, na condição de não tentar intervir nos assuntos internos da ilha.

"O dia que o presidente [Obama] decidir vir a Cuba, ele será bem-vindo", assegurou Vidal, mas esclarecendo que o líder não deve "negociar questões inerentes ao ordenamento interno do país em troca de uma normalização de relações com Washington", reportou o jornal cubano Granma.

Segundo Vidal, muitos países podem ter opiniões sobre o que se sucede em outra nação, mas isso não pode ser utilizado como elemento de pressão para conquistar determinadas mudanças. "Nós não pedimos para que mudem coisas que nós não gostamos nos Estados Unidos para podermos visitá-los", exemplificou.

Em entrevista a jornalistas, a chefe da delegação cubana assegurou que, nos últimos meses, houve avanços na mesa de negociações com a equipe norte-americana para acordos de retomada diplomática, comercial, cultural, entre outros setores em discussão.

Entretanto, Josefina Vidal destacou que restam ainda entraves quanto a "temas essenciais" de interesse cubano, como o bloqueio econômico, imposto pelos EUA em 1961, e a devolução da prisão de Guantánamo, situada na base naval norte-americana na ilha — fruto de uma negociação feita no início do século XX.

Na área econômica, por exemplo, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba destacou que os acordos "são positivos, mas têm um alcance limitado". Neste campo, Vidal citou a proibição de empresas cubanas de usar dólares em transações internacionais, bem como o fato de elas serem impedidas de ter acesso a créditos privados de organismos internacionais.

Histórico

Há exatamente um ano, Obama e seu homólogo cubano, Raúl Castro, anunciaram uma histórica reaproximação bilateral, após mais de meia década de ruptura.

Desde 17 de dezembro de 2014, uma série de reuniões, cerimônias e declarações polêmicas envolvendo delegações de Washington e de Havana ocorreram entre a estreita distância de pouco mais de 150 quilômetros que separa a ilha do território norte-americano.

Resultado de 18 meses de negociações secretas, a retomada de relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba pegou a comunidade internacional de surpresa, simbolizando a maior reviravolta desde a imposição do bloqueio econômico. (Com Opera Mundi)

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