Mídia burguesa oculta o terrorismo praticado pelos estados imperialistas

                                                                     
Os atentados cometidos pelo Estado Islâmico em Paris no dia 13 de novembro deste ano, vitimando centenas de pessoas, devem nos servir de reflexão acerca da forma como os países imperialistas, EUA à frente, tratam as questões ligadas ao terrorismo e como manipulam o próprio conceito de terrorismo a seu bel-prazer. Devem também, e sobretudo, nos servir para mostrar como o terrorismo de estado historicamente praticado por estes países é criminosamente ocultado pela mídia burguesa, especialmente em momentos de comoção como o atual.

O que caracteriza o terrorismo é a agressão violenta e indiscriminada, sem alvos humanos específicos. Ainda que se considere que nos atentados de Paris isso realmente foi o  aconteceu, o fato é que se aplicarmos tal conceito às práticas dos países imperialistas, incluindo França, Inglaterra, Alemanha e Israel chegaremos à conclusão de que tais países são os maiores produtores e organizadores de ações terroristas na história da humanidade. 
                                                               
Países responsáveis por barbáries inomináveis, crimes sem paralelo contra povos inteiros. O maior atentado terrorista da história, por exemplo, foi cometido pelos EUA, em 1945, ao jogar bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, assassinando e pulverizando instantaneamente cerca de 200 mil pessoas, entre idosos, crianças e enfermos. Tudo para garantir seus interesses geopolíticos estratégicos no Extremo Oriente. Tudo em nome da democracia, bem ao gosto e hábitos genocidas da mais poderosa e cruel nação imperialista do globo. 

A própria França, nas relações que historicamente estabeleceu com suas colônias na África (Argélia, a principal delas) e no Oriente (Indochina), não fica atrás. O país que se apresenta como o luminar da Europa sempre foi, na verdade, um dos maiores promotores de genocídios contra os povos africanos e e indochineses, tendo suas legiões de mercenários e assassinos se destacado por uma brutalidade sem fim, especialmente na promoção da tortura em escala industrial. 

Criado em 1948 por imposição do imperialismo, Israel é um dos maiores promotores do que podemos classificar de terrorismo de estado, assassinando e brutalizando diariamente centenas e milhares de palestinos. Estado de ideologia fascista, armado, financiado e preparado militarmente pelos EUA, é uma das maiores infâmias já produzidas no mundo, praticando o genocídio como política oficial. 

Em suas abordagens fragmentadas e manipuladoras, a mídia burguesa faz questão de apresentar este terrorismo de estado imperialista como suposta reação a todas as iniciativas políticas ou militares em defesa destes povos massacrados por países como EUA, França, Inglaterra e Israel. 

EUA financiaram milicianos na Síria

Exemplo mais recente do terrorismo de Estado cometido por EUA e países europeus, com apoio de Israel, foi o financiamento e a preparação militar de milícias de mercenários assassinos introduzidos na Síria nos últimos cinco anos com o objetivo de derrubar o governo de Bashar Al-Assad. 

Derrubar Assad passou a ser estratégico para os EUA e o bloco de países europeus desde que a Síria, nos fóruns internacionais, começou a se opor abertamente às políticas imperialistas para a região do Oriente Médio e Ásia Ocidental, sendo agravante aos olhos de EUA, França e países europeus a aproximação daquele país árabe com o bloco liderado por Rússia e China. 

Cumpre ressaltar que o surgimento do Estado Islâmico enquanto organização acontece a partir de dissensões ocorridas no interior dessas mesmas milícias armadas pelos EUA a partir de uma interpretação mais reacionária e conservadora do Alcorão e da disputa (econômica) em torno do butim a ser recolhido da pilhagem praticada na Síria, onde já foram mortas cerca de 250 mil pessoas, das quais 12 mil crianças, com a destruição de cidades inteiras.

 De certa forma, repete-se, nas devidas proporções, o fenômeno ocorrido nos anos 90 com as milícias Talibãs armadas pelos EUA para combater a então URSS no Afeganistão e com Osama Bin Laden, também armado e financiado por EUA e Arábia Saudita, em casos nos quais a criatura voltou-se contra o criador. 

Em certa medida, fenômeno semelhante também ocorreu no Iraque após a invasão daquele país pelos EUA e a derrubada de Sadam Hussein, originando dezenas de grupos de milicianos divididos atualmente entre sunitas e xiitas. 

Mídia silencia sobre crimes imperialistas

Apesar de todos esses inomináveis crimes contra a humanidade cometidos pelo imperialismo e seu aliado sionista ao longo de décadas e até recentemente, a pantomima está montada pela mídia burguesa, que, com o apoio dos governos de EUA, França, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália e outros países europeus, continua em sua cínica teatralização, na qual acentua e destaca a urgência de uma ‘guerra sem tréguas contra o terror’, representado, no caso em questão, pelo Estado Islâmico. 

O destaque dado pela mídia do mundo inteiro ao pronunciamento feito pelo presidente francês, François Hollande, na Assembleia Nacional daquele país quatro dias após os atentados foi nesse sentido paradigmático do tipo de cobertura jornalística que teremos daqui pra frente. 

Após conclamar a França e países aliados a lutarem contra o terrorismo, Hollande e os parlamentares, em tom emocionado, cantaram a Marselhesa (hino nacional francês) numa cena cuja estética muito se aproxima do cinema, com planos médios intercalados a closes nas fisionomias do presidente e dos deputados. 

É a estetização da política com o objetivo de produzir forte comoção no público. Tudo a serviço de interesses inconfessáveis. Quaisquer semelhanças com as práticas estéticas de Joseph Goebbels (ministro de propaganda nazista) não serão mera coincidência. 

Nós, comunistas, nos indignamos com a perda de vidas humanas em qualquer situação, pois lutamos por uma sociedade sem classes, uma sociedade que seja o reino da liberdade, na qual esteja definitivamente superada a barbárie e a violência, produtos da sociedade capitalista. 

Assim, também lamentamos pelos mortos em Paris, mas ao contrário do senso comum entendemos que os assassinatos cometidos na capital francesa são o produto direto das inomináveis barbáries cometidas pela França em sua trajetória imperialista. 

Para o proletariado de todo o mundo, é preciso denunciar a cínica teatralização que está sendo montada pelo imperialismo em torno dos atentados cometidos na França, que infelizmente serão utilizados para tentar justificar uma nova escalada bélica, com mais guerras, xenofobia, fascistização da política e preconceito contra os povos imigrantes do Oriente. (Com o Movimento Marxista 5 de maio)

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