Setor bancário fechou 6.003 postos de trabalho de janeiro a agosto de 2015

                                                                         
Na contramão dos lucros exorbitantes que os bancos têm obtido no Brasil neste ano, um estudo feito pelo Dieese apontou que, de janeiro a agosto de 2015, foram fechados 6.003 postos de trabalho no setor financeiro. O saldo negativo do período resultou de 23.807 admissões contra 29.810 desligamentos.

De acordo com a análise por Setor de Atividade Econômica (CNAE), os cortes de empregos estão concentrados nos Bancos Múltiplos com Carteira Comercial, categoria que engloba grandes instituições como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e CAIXA. Em decorrência do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), a CAIXA respondeu, sozinha, pelo corte de 2.261 postos de trabalho em oito meses. Já os outros bancos, juntos, foram responsáveis por 3.793 demissões no mesmo período.

Com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a pesquisa aponta que esse resultado foi influenciado também pela implementação, no mês de julho, do Plano de Aposentadoria Incentivada (PAI) no Banco do Brasil. Do total de desligamentos, praticamente a metade foi a pedido do próprio trabalhador. Outros 46% foram por demissão sem justa causa e 3% foram por dispensa por justa causa.

O impacto dos planos de aposentadoria dos bancos públicos no saldo negativo de empregos verificado no setor bancário também pode ser constatado na informação sobre a faixa etária, que concentrou a maioria dos desligamentos entre 50 e 64 anos.

A defesa do emprego é uma das grandes prioridades da Campanha Nacional 2015 da categoria bancária, que está em greve por tempo indeterminado. Os bancários cobram o fim das demissões e mais contratações nos bancos públicos e privados. A falta de funcionários tem gerado graves problemas para os trabalhadores, que sofrem diariamente com a pressão para o cumprimento de metas e a sobrecarga da trabalho.

Ainda segundo o estudo, de janeiro a agosto de 2015, a remuneração média das 11.346 mulheres admitidas nos bancos foi de R$3.073,82. Esse valor corresponde a 81,6% da remuneração média recebida pelos homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 3.767,18.

A diferença de remuneração entre homens e mulheres é ainda maior no momento do desligamento. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos, entre janeiro e agosto, recebiam R$ 5.428,63, o que representou 77,0% da remuneração média dos homens desligados dos bancos, de R$ 7.046,03.

Lucros elevados

Mesmo com o baixo desempenho da economia brasileira, os cinco maiores bancos (BB, CAIXA, Itaú, Bradesco e Santander) alcançaram, juntos, resultado de R$ 36,3 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano, crescimento de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

O setor bancário tem explorado também, cada vez mais, a população brasileira. De acordo com a Associação de Consumidores Proteste, as tarifas cobradas pelos oito maiores bancos do país entre 2013 e 2015 cresceram até 169%. Já segundo pesquisa feita pela Fundação Procon, os juros do cheque especial atingiram, em outubro, média de 12,28% ao mês, a maior desde setembro de 1995.

(Com Sindicato dos Bancários de BH e Região/ Contraf-CUT)

Comentários